Friday, November 30, 2007

E se de repente te oferecessem um mundo?

Tens alguns minutos para ouvires uma história?
É uma história simples que fala de coisas simples.


23 de Novembro de 2006, quinta-feira

Estou em casa, sentada em frente ao computador. Olho o livro que tenho à frente para ler mas troco-o por um zapping às páginas da internet que tenho guardadas nos favoritos. Numa tentativa de terminar com este processo de autodestruição levanto-me para fazer um café, fumar um cigarro e terminar com esta apatia em que me sinto. Por escassos segundos sinto uma onda de energia atravessar o meu corpo. Penso nos meus pinceis e na tela que tenho encostada à parede, por pintar. Tenho ainda tempo para imaginar o desenho, escolher as cores e encher de água o recipiente que vai servir para limpar esses amigos de madeira no fim do nosso trabalho.
E depois, da mesma forma que apareceu, desapareceu. Volto a sentar-me em frente ao computador. Sinto-me angustiada com a situação no trabalho, nos estudos e com o facto de não me apetecer ler um livro, pintar uma tela, ir a um teatro. De repente é como se me tivessem roubado a vontade e sinto as minhas células a morrerem, uma por uma, asfixiadas por esta inércia... Tento lutar contra isso mas não consigo. De repente, nada na vida me parece preencher, nada me parece entusiasmar, todos os dias são iguais e nem tenho força, ou vontade, de imaginar um futuro diferente deste.
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Barcelona - Spain (2007)

23 de Novembro de 2007, sexta-feira

Estou a sair do trabalho. Entro no carro e conduzo até à avenida Almirante Gago Coutinho. Estaciono-o, pego na mala, acendo um cigarro e caminho até à zona das partidas do aeroporto de Lisboa. Páro na tabacaria para comprar o jornal e leio-o, sentada no café, enquanto espero que no painel se assinale a minha porta de embarque. Estou ansiosa. É a primeira vez que viajo de avião sozinha e quero guardar cada nova sensação para recordar no futuro. No avião não consigo dormir, a vontade de chegar é muita e os espanhóis que conversam ao meu lado não dão tréguas. Mas está a correr tudo bem e consigo até espreitar pela janela e ver as cidades iluminadas lá em baixo como se fossem gigantes circuitos eléctricos. Quando piso terra, o P. espera-me com um papel onde vem escrito o meu nome e a seguinte mensagem "Bienvinguda a Barcelona". Rimos. Só no dia seguinte, ao acordar, consigo aperceber-me da importância deste momento. Desta vez Barcelona não é uma cidade para onde viajo em férias mas uma cidade onde vou viver, mesmo que só por um fim de semana.

Barcelona - Spain (2007)

23 de Novembro de 2008, domingo

Pego na bicicleta e vou dar uma volta a Belém, junto ao rio. Está frio mas não chove e acabo de ler o décimo primeiro livro deste ano. Quando chego a casa tomo um banho que me aquece o corpo e começo a preparar o jantar para dois. Chegas a tempo de corrigir todos os meus erros culinários enquanto falamos do bailado que eu insisti para irmos ver no dia anterior. Durante o jantar recordas-me que em tempos foste um grande bailarino mas que infelizmente, devido a uma lesão nos pés, foste afastado dos grandes palcos mundiais e das luzes da ribalta que te estavam destinadas à nascença. Rimos como duas crianças enquanto nos dirigimos para a sala. Acendes a televisão e eu preparo os pinceis para guardarmos na tela a paz deste dia.

Barcelona - Spain (2007)

Thursday, November 22, 2007

Arte todos os dias...

Este sábado volta a repetir-se na Fundição de Oeiras o Festival de Hip Hop.
Graffitis, dança e música num espaço simples, onde nos sentimos bem.
O ano passado foi assim...
Oeiras - Portugal (2007)

Friday, November 9, 2007

Dias estranhos

Eram 9h20 quando, parada no trânsito, escutava na rádio Morrissey em "You have killed me". Tirei por instantes os olhos do livro, que esta semana fez das horas parada no trânsito horas boas, e fechei-os. Em poucos segundos viajei ao passado para perceber que sem ele hoje o carro da mana não teria um pneu furado, eu não a teria levado ao trabalho, não estaria parada na A5 a esta hora, não ouviria Morrissey na rádio e, mesmo que tudo isto sucedesse, esta música não surtiria em mim qualquer efeito.

Fica convosco Morrissey e "You have killed me", em tom de homenagem a todos os passados que permitem futuros melhores:


"As I live and breathe
You have killed me
You have killed me
Yes I walk around somehow
But you have killed me
You have killed me

And there is no point saying this again
There is no point saying this again
But I forgive you, I forgive you
Always I do forgive you"
Belém - Portugal (2007)