A primeira coisa que fizémos foi encontrar um local para largar as malas e tomar um banho decente para depois partir à descoberta da cidade que seria a nossa casa por 2 dias. O Ibis, a cerca de 20min de Barcelona, foi o primeiro local que encontrámos e foi o escolhido. O estacionamento para o carro é gratuito e mesmo à porta páram autocarros regulares para a praça de Espanha a qualquer hora do dia ou noite. Não havia mais “contas” a fazer! Excepto o pessoal do hotel, a primeira conversa que tivémos com alguém de Barcelona chamava-se Francisco Jose Gimenez (não garanto que o nome esteja bem escrito), tinha 6 ou 7 anos e sofria claramente de hiperactividade! Durante os 10min que esperámos pelo bus, este miúdo conseguiu a proeza de estar sossegado cerca de 3seg. No restante tempo, trepava o poste e tocava com a mão no tecto da paragem do autocarro enquanto gritava “Francisco Jose Gimenez, Francisco Jose Gimenez”.
Quando chegámos à praça de Espanha ficámos espantados com a dimensão da mesma! Optámos por descer a avenida onde encontrámos o restaurante “Ana” sobre o qual só tenho uma coisa a dizer: Peixe ao sal! No fim da avenida, a arte de que gostamos voltou a mostrar das suas.
Por ser ainda cedo optámos por dar uma volta naquela que me pareceu a zona de Barcelona mais parecida com o Bairro Alto. Costumo fazer isto. Comparar zonas de cidades onde estive com o Bairro Alto. É mais forte que eu. Em Madrid, o Bairro Chueca. Em Roma, o Campo di Fiori. E em Barcelona, o Bairro Gótico. No entanto, no Bairro Alto Lisboeta, não é usual levarmos com um balde de água às 2 da manhã! Na mesma rua, mais à frente, outro grupo tinha sofrido do mesmo e ria. Rimos também. Eram horas de voltar ao hotel. E voltamos, em menos tempo que o esperado, graças ao senhor maluco que conduzia o autocarro. Voltaríamos a encontrá-lo na noite do dia seguinte. No mesmo autocarro e com a mesma pressa.
Gosto imenso do Ibis. Gosto dos quartos dos Ibis, das pessoas que trabalham nos Ibis, da localização dos Ibis e dos preços. Mas o que eu gosto mesmo muito no Ibis são os pequenos almoços! Às 9h30 estávamos de pé, na sala de pequenos almoços, naquele que seria para mim o melhor dia de todos os dias desta viagem. Depois do trajecto de autocarro até à Praça de Espanha (desta vez sem a alegria do Francisco), seguímos em direcção às Casas de Antoní Gaudí. A primeira delas, a Casa Battló (www.casabatllo.es/), marca pela cor e fachada ondulante. Está decorada com mosaicos de vidro multicoloridos e placas de porcelana policromada e as varandas são feitas de pedra de Montjuïc que parece ter sido moldada à mão. Esta Casa, juntamente com a Casa Ametller e a Casa Lleó Morera, formam a chamada Ilha da Discórdia pois, apesar de estarem no mesmo quarteirão e apresentarem grande valor arquitectónico, são todas de estilos muito diferentes.
Mais à frente, no Passeio de Gràcia, a Casa Milà foi construída entre 1906 e 1910 para a família de igual nome, mas nem ela nem o público ficaram muito impressionados, pelo que foi apelidada de La Pedrera (http://www.lapedreraeducacio.org/flash.htm). Hoje em dia é muitas vezes referida como a maior escultura abstracta do mundo!
Deixando temporariamente Gaudí de parte, a Casa Terrades em plena Avenida Diagonal, foi desenhada por Puig i Cadalfach e é também conhecida por casa das pontas devido às agulhas no topo das suas seis torres.
Barcelona - Spain (2007)
Descendo a Diagonal chegamos ao edifício mais famoso de Barcelona, a Sagrada Família (http://www.sagradafamilia.org/cast/index.htm), que originalmente era suposto ser uma igreja modesta... Gaudí atribuiu a cada elemento da Sagrada Família um significado simbólico, deu um papel importante a alguns elementos da natureza, idealizou a construção de 12 torres para representar os 12 apóstolos e as suas 3 portas correspondem às 3 virtudes cristãs: Fé, Esperança e Caridade. A construção da Sagrada Família continua a desenrolar-se nos nossos dias, mais de um século depois do seu ínicio em 1882.
Barcelona - Spain (2007)
Perto, com vista para as torres, encontra-se um Starbucks Coffee. Vale a pena entrar, pedir um pseudo-café e descansar um pouco as pernas enquanto se observa a rua, se comenta o que se viu e o que falta ver e, em silêncio e de olhos fechados, se imagina por breves minutos como será viver na cidade de Gaudí.
Barcelona - Spain (2007)
Mas ainda não estava tudo. Para completar a Tour às obras de Gaudí, apanhámos o metro até ao Parque Güell. À saída do mesmo, esperáva-nos uma longa caminhada ajudada, no fim, por umas intermináveis escadas rolantes. Um viva a Jesse W. Reno e George H. Wheeler pela invenção deste extraordinário aparelho!
Barcelona - Spain (2007)
Barcelona - Spain (2007)
Depois de passearmos um pouco pelo parque chegámos a um miradouro ao que o J. comenta “parece que estou dentro do filme Residência Espanhola”. E de facto parecia. Muito boa a sensação. A música que se ouvia tornava o ambiente ainda mais extraordinário e pela segunda vez no mesmo dia imaginei-me a viver numa cidade tão completa...que saudável inveja tua P.!Bom, de volta ao metro e de volta à Rambla, primeiro para conhecer o mercado de St. Josep e depois para descer a rua ainda com luz natural. La Rambla é um pouco de tudo e ocupa-nos o tempo todo. Quase não conseguímos respirar para conseguir absorver tudo o que ela partilha connosco. Surpreende-nos a cada minuto e em cada esquina e quando pensamos não ser possível surpreender-nos mais, ela volta a revelar-se. Mais uma e outra vez. Rua de escritores (www.eduardomazo.com), dançarinos e músicos. Rua de tendas de recordações e de cafés/restaurantes. Rua de viajantes-que-ficam e de viajantes-que-passam. Rua de crianças, adolescentes, adultos e idosos. A rua que mais gostei de todas as ruas de todas as cidades em que estive.
E em frente...o mar. A azáfama de quem termina um dia de trabalho e a paz de quem se exercita a pé, de bicicleta ou em patins. Os casais de namorados nos bancos de jardim e na relva e os amigos que se sentam em roda a partilharem experiências. Seguímos junto ao mar e acabámos por jantar por ali mesmo, abdicando da visita ao Castelo Montjuïc.
À noite voltámos ao ambiente do Bairro Gótico. Sentamo-nos no chão e enquanto bebiamos uma cerveja - comprada ali mesmo na rua a uns senhores que as guardavam debaixo de tampões que existiam no passeio - iamos conversando, como costumamos fazer no nosso Bairro Alto, o verdadeiro.
Barcelona és um mundo e “no hace falta cambiarte nada” como canta Julieta Venegas em Limón y Sal (http://www.youtube.com/watch?v=RC_1JjBGKkE)! Ficou a faltar o Castelo Montjuïc, o parque La Ciutatella, o museu de Miró e as obras de Picasso...pelo menos! Como se isso fosse necessário para lá querer voltar. Mais uma e outra vez.
2 comments:
O homem do trompete parece estar exactamente no mesmo sítio e posição onde o encontrei.
Para complementar a tua crónica aqui fica uma amostra das pequenas descobertas que podemos fazer pelo pelo parque guell: http://www.youtube.com/watch?v=DxIQbYwnhic
Só te falta incluir no texto um comentário sobre o ambiente em Camp Nou, oportunidades nao hao-de faltar :)
El catalan.
Ah pois falta sim senhor!
É favor tratares dos bilhetes :p
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